No pátio subterrâneo de Vorkuta, forma-se um circulo de pessoas ao redor de Viktor Reznov e Symon Kravo, os dois trocam xingamentos, resultando em um soco de Symon na cara de Viktor, que cai ao chão. Nesse momento, o único guarda que estava presente no local aparece para separar a briga. Ele pega Symon e o joga ao chão para dominá-lo. Simultaneamente Viktor pega uma pedra lascada afiada previamente posicionada lá, e a atira na direção do guarda, o atingindo na nuca, causando sangramento e desmaio. Symon se levanta e pega do guarda desmaiado o seu crachá e sua arma, uma faca de combate. Com isso, o primeiro passo do plano está completo.

— Com o guarda fora do caminho, agora o elevador está em nossas mãos!_ — Exclamou Viktor enquanto corria, guiando Symon e os outros prisioneiros para o túnel na direção do elevador. Para animar e encorajar os colegas prisioneiros no túnel, Reznov começa a gritar os passos do plano de escapada para os prisioneiros que respondem em uníssono:

Um! — começa Viktor. — Obter a chave! — continuam os outros prisioneiros.

Dois! Ascenção das trevas!

Três! Chuva de fogo!

Quatro! Soltar a horda!

Cinco! Abater a fera voadora!

Seis! Brandir o punho de ferro!

Sete! Atacar o Inferno!

Oito! LIBERDADE!!!

Indo em direção ao túnel, Symon se depara com um brutamontes mal encarado, careca e barbudo com o uniforme rasgado. — Que bom que você é um amigo, Boris! — disse Symon, aliviado na presença do “monstro de Madagan”. — Vamos nessa. — No fim do túnel, os prisioneiros enxergam as portas do elevador.

Symon, o primeiro a chegar, passa o crachá do guarda no painel de controle, que pisca uma luz vermelha, indicando que o elevador está se movimentando. O túnel de terra da mina reaproveitada está enchendo de prisioneiros, cada vez mais amontoados. Após alguns segundos ouve-se o barulho característico de mecanismo, indicando que o elevador está descendo. Em menos de 30 segundos a grande plataforma metálica de 10 por 10 metros chega ao nível do chão do túnel. As portas abrem, e dentro do elevador estão dois guardas armados com pistolas Makarov, mas antes que um deles pudesse reagir, Boris arremessa uma rocha de mais de 30 cm de diâmetro em um deles, esmagando brutalmente a cabeça do alvo. O outro guarda só tem tempo de atirar duas vezes em um prisioneiro aleatório antes de ser acertado repetidamente pelas pedras dos prisioneiros.

Viktor e Symon pegam uma Makarov cada um, a de Viktor com 10 balas restantes, e a de Symon com 12 balas, e embarcam no elevador junto do resto dos prisioneiros, com exceção daquele que foi baleado e morto pelo guarda.

Esse plano vai dar certo mesmo? — Pergunta um dos prisioneiros para Symon, mas antes que pudesse responder, Viktor diz:

Eu confio a minha vida a este plano, Symon também tem a dele em jogo, não se preocupe!

Após um minuto o elevador faz o barulho indicando que chegaram a superfície. O elevador abre suas portas, dando entrada a um corredor metálico inclinado com trilhos. Viktor e Symon veem os carrinhos que tinham visto antes em uma de suas breves viagens astrais, e logo a frente, mais guardas armados com Makarovs descendo o corredor e um outro no topo com uma turret de metralhadora. Boris e Viktor se juntam atrás de um dos carrinhos para se proteger dos tiros da metralhadora, e começam a empurrá-lo para usar de escudo, sendo seguido por mais prisioneiros empurrando os outros dois carrinhos. Conforme os carrinhos sobem, os guardas descem, tentando impedir o avanço dos carrinhos. Symon aproveitava que os guardas só conseguem passar um por um por entre os carrinhos, e atirou em todos que cruzavam para trás dos carrinhos, matando-os, e pegando a munição de suas armas.

O corredor parece ser muito mais longo do que Symon lembrava, mas por fim os carrinhos travam no lugar, destruindo a turret de metralhadora, indicando que haviam chegado ao fim desse galpão. O segundo passo está completo. O portão está fechado, sem dúvida para barrar o avanço dos prisioneiros, fato que dá a oportunidade perfeita para Boris montar a arma secreta deles. Um prisioneiro entrega para Boris um par de elásticos grossos, obtidos com grande sacrifício por Viktor durante um dos trajetos de volta a cela, conectados por um pedaço de roupas no meio, formando um estilingue gigante improvisado. Boris amarra uma ponta da arma improvisada em cada carrinho, e pega um saco cheio de pequenas pedras de carvão.

Veja como a ingenuidade de Symon transforma sucata em armas! — disse Viktor olhando para Boris, e continua para Symon — Agora o passo três! Chuva de fogo!

Boris carrega o pano com pedras de carvão, e Viktor, secretamente usando sua fraquíssima magia de chamas, inflama o pano com o carvão, e parte para abrir o portão com a ajuda de mais dois outros.

As portas metálicas são abertas, e na frente do grupo está a paisagem vista por Viktor e Symon durante suas viagens astrais:

Uma instalação de mineração, cheia de chaminés metálicas frias, barracões com caixas enormes, um heliporto com helicóptero militar Mi-8, e logo a frente, o alvo do quarto passo: o prédio das comunicações, tudo isso cercado por um muro altíssimo de pedra com somente um acesso ao exterior, uma casa de guarda enorme e em campo aberto.

Logo na frente do portão porém, estão instaladas quatro turrets de metralhadora apontadas para a saída do galpão. Elas começam a atirar, e com o sacrifício de alguns prisioneiros, Symon mira o estilingue na direção das turrets, e atira! O pano inflamado desmancha no ar, causando uma chuva de carvão em chamas, que acerta os operadores das metralhadoras, ateando fogo a roupa deles, fato que os fazem pular ao chão para tentar apagar o fogo.

Essa oportunidade não é por acaso, mas sim o terceiro passo do plano. Os prisioneiros avançam para as turrets, executando os operadores, e tomando o controle das terríveis armas. Com os prisioneiros que ficaram nas turrets providenciando cobertura para os outros, Symon, Viktor, Boris e o restante do grupo correm até o prédio da torre de transmissão. Chegando lá, a porta está trancada, mas Boris quebra a tranca facilmente com a faca de combate de Symon, quebrando-a no processo.

Dentro do prédio há poucas pessoas, somente alguns funcionários que se abrigaram lá para aguentar a rebelião. Viktor e Symon discutem sobre o que fazer com eles, e enquanto isso Boris os executa friamente.

Você perdeu o juízo? Não precisava matar eles! — gritou Symon.

Por quê? Só porque não estão armados? Eles são o inimigo! — respondeu Boris, a altura.

Vocês dois, parem com isso! Agora, Boris, abra aquela porta, temos que pegar uma coisa de lá! — disse Viktor enquanto apontava para uma porta lacrada na outra extremidade da sala.

Viktor se direciona aos aparelhos junto de 3 prisioneiros, e os orienta a operar o sistema de rádio do complexo. Ele pega o microfone, toma fôlego e fala para o complexo todo, incluindo as celas subterrâneas, cumprindo o quarto passo do plano:

Bravos camaradas de Vorkuta, o tempo é chegado de nos levantar contra nossos opressores! Hoje, mostramos a eles os corações dos verdadeiros russos! Nós todos demos o sangue pela terra-mãe! Respondemos suas chamadas de nossa própria maneira! Alguns de nós deram suas infâncias, suas mentes, e suas almas por ela, mas não mais! Como irmãos traídos, nos juntamos contra a mãe que nos abandonou! Nossa contribuição a sociedade não foi retribuída com gratidão, mas com suspeita e perseguição! Tirados dos braços de nossas amadas, nos encontramos aqui… nesse lugar… nesse lugar miserável. Aqui nós definhamos, sem esperança de libertação… Sem esperança de termos justiça. Nós fomos torturados por esse experimento doente até que a nossa carne caísse dos nossos ossos… Assistimos os nossos camaradas sucumbirem às torturas… Fomos deixados para morrer de fome. Fomos punidos por viver, mas eles não nos quebraram! Hoje, mandaremos uma mensagem para os nossos líderes corruptos e arrogantes. Hoje, camaradas, Vorkuta… QUEIMARÁ!!!

Ao mesmo tempo Boris, ainda meio contrariado, vai até a porta, e a arromba com alguma dificuldade, revelando uma antiga arma lançadora de arpão com cabo de aço, alguns fuzis AK-47 e um tanto significativo de munição. Symon pega a lançadora de arpões, e olha pela janela para verificar se o que eles previram estaria acontecendo, e realmente o heliporto está vazio, significando que o helicóptero já está no ar. Ele faz um sinal afirmativo para Viktor e direciona uma parte do grupo para a cobertura do prédio.

Mas antes que pudessem se mover, um barulho infernal se inicia, seguido de buracos de balas se formando nas paredes. As balas não atingem ninguém, e logo em seguida eles ouvem:

Desistam, e não os mataremos, não vamos errar da próxima vez! — exige uma voz vinda de fora. Pelo ruído, a voz parece se originar de dentro do helicóptero, e não do chão.

São balas de metralhadoras pesadas, olha o tamanho desses buracos! — exclamou Boris — Eu não sei como vocês dois sabiam desse arpão, mas se for para usá-lo, faça-o agora! — terminou.

Symon e mais alguns prisioneiros se direcionam à cobertura e se posicionam acima do helicóptero, mas antes que pudessem firmar o arpão no chão, o mesmo ascende até que Symon esteja na mira da metralhadora pesada, mas ao invés de atirar, o atirador cai do helicóptero, com sangue saindo do meio da testa, e quando Symon olha para trás para entender o que aconteceu, ele vê Boris ajoelhado com uma AK-47 gritando:

Pare de perder tempo! Atire logo esse maldito arpão! — e logo voltou a atirar nos outros soldados que tentavam chegar a metralhadora do helicóptero.

Symon prende bem a lançadora no chão, carrega-a… e atira! Apesar do arpão voar mais para cima que o desejado, o cabo de aço se prende nas hélices, travando-as, causando uma pequena explosão no motor, o que faz o helicóptero cair e atingir o galpão de onde saíram os prisioneiros.

Aliviado, Symon fala:

Quinto passo, feito… — e volta com Boris para onde está Viktor.

Viktor os recebe com energia no andar térreo do prédio, dizendo:

Sem a metralhadora do helicóptero para nos prender aqui, temos uma chance de ir para os muros!

Symon pega uma AK-47 do armário onde estava o lança-arpão, e parte atrás dos outros, que já estavam correndo fora do prédio. Eles vão correndo sob fogo inimigo em direção a casa de guarda, Viktor leva uns tiros e começa a sangrar, mas continua a correr. Eles logo chegam a porta da casa de guarda, uma porta mecânica reforçada. Boris, usando toda sua força pela qual ficou famoso, levanta a porta para seus camaradas. Viktor passa, os prisioneiros passam, mas no momento que Symon está para passar pela porta, Boris começa a fraquejar diminuindo gradualmente a abertura da porta. Symon corre o mais rápido que pode, e, desviando de tiros, consegue entrar deslisando pela fresta da porta, mas, infelizmente, bem nessa hora, os tiros atingem Boris, que cai no chão e é parcialmente esmagado pela pesada porta de aço maciço, cortando-o no peito.

Boris tenta dizer algo, mas somente sai sangue por sua boca. Ele pega um papel do bolso e entrega a Symon, se esforça para apontar seu braço para Viktor, e então perde as forças. O monstro de Managan finalmente foi abatido.

Eles se encontram agora em um galpão com mezanino, lotado de caixas de madeira fechadas com cadeados.

Symon entende o último pedido de Boris, e, hesitando por um segundo, entrega o papel para Viktor, que lê fazendo cara de entendimento. Viktor mal termina de ler o papel, e começa uma saraivada de balas vinda da varanda interna do mezanino. Os que não morreram correm para baixo da varanda onde estavam os soldados, enquanto Viktor e Symon se dirigem para uma caixa em específico, que graças a suas viagens astrais, eles sabiam do conteúdo. Eles atiram no cadeado algumas vezes até ele ceder, e abrem a caixa. E lá está, o punho de ferro, uma Minigun M134, o objetivo do passo seis.

Symon coloca a mochila de munição da minigun e começou um massacre, qualquer um que passasse por seu caminho era completamente moído por mais de 30 balas atiradas em sequência por segundo. Os soldados, percebendo sua desvantagem, evacuam o prédio. Viktor aproveita a situação para direcionar Symon para o lado de fora da casa de guarda, iniciando o sétimo passo.

Lá fora eles enxergam soldados e jipes armados se aproximando, e mais ao longe, um armazém lotado de contêineres, seu objetivo, e ainda depois dele, os trilhos da ferrovia transiberiana. Symon foi na frente com a minigun destruindo os veículos de longe, e os outros foram abatendo o restante. Symon, nesse momento, está se sentindo invencível, e está quase chegando ao armazém, quando um caminhão vindo de trás atira uma lata de gás lacrimogênio no meio dos prisioneiros, que logo começa a espalhar seu conteúdo, derrubando Symon. Sua vista fica embaçada, mas ele, antes de desmaiar, consegue distinguir Viktor usando seu gorro como máscara, ele retira a minigun das costas de Symon, e o arrasta através cobertura fornecida pelo gás.

Symon acorda dentro do armazém com tapas leves de Viktor, que fazia sinal para fazer silêncio, e apontou para um contêiner aberto. Os dois vão se esgueirando pelos outros contêineres até entrar no contêiner aberto onde eles encontram a motocicleta militar que eles tinham visto em uma de suas últimas viagens astrais nas celas. Agora era o último passo, liberdade. Os dois montam na moto, e saem destruindo uma janela que usaram para sair do armazém. Viktor pilota a motocicleta por meio de tiros e jipes em direção aos trilhos, enquanto Symon dá cobertura usando a pouca munição que lhe resta em seu fuzil.

Depois de segundos, Symon vê dois jipes se aproximando, e percebe que ele está sem munição. — Estou sem balas! — grita para Viktor, no meio da barulheira. Nesse instante a moto é acertada por um tiro, que desestabiliza o guidão. — Fomos atingidos!… Já sei! Vamos pegar aquele jipe! — Viktor grita de volta, olhando para o jipe que vinha da direita.

Viktor se aproxima do jipe, levando vários tiros dos soldados, fazendo-o sangrar bastante, mas ele diz que está bem e continua pilotando paralelamente ao jipe. Viktor, usando sua pistola quase vazia, atira no motorista do jipe, dando tempo o suficiente para Symon trocar de veículo. Ele joga a Makarov para Symon, que termina de limpar o jipe de soldados, esvaziando o pente da pistola. Viktor pula da moto para o banco do motorista, obtem o controle do volante e acelera em direção a um trilho de trem próximo. Para dar cobertura para Viktor, Symon pegou a metralhadora fixa do jipe e começou a atirar nos outros jipes que se aproximavam.

Não estão nos deixando fugir sem lutar mesmo, que inferno!

E como um relógio bem regulado, eles ouvem o trem se aproximando naquela hora conforme o plano.

Rápido! O trem já está aqui! — exclamou Symon, Viktor faz um sinal de positivo com as mãos tremidas e se aproxima dos trilho trem com o jipe, emparelhando-o com o vagão do lado, um vagão entreaberto do tipo bagageiro, e fala para Symon pular. Ele salta do jipe, olha para seu amigo, e diz:

Viktor! Venha! Só falta o oitavo passo! Liberdade!

Mas Viktor recusa dizendo:

Para você Symon, não para mim! — Ele arremessa um papel amassado para dentro do vagão e freia o jipe para voltar ao meio do resto dos soldados, com a intenção de distraí-los, e aumentar as chances de sucesso da fuga de seu amigo.

VIKTOOOOOR!!!! Porra cara!!! Era para nós dois fugirmos juntos! — Symon grita ao observar o sacrifício de seu amigo.

(continua na aventura solo 2. Viagens)